quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

José Agostinho Baptista

RESPIRAÇÃO

Recolhes-te, sumptuosamente lírica,
alta como um mês de gladíolos.
Falas em surdina, sobre o clamor do mundo.
Rodeada de incenso, acordas as tuas fontes,
derramas-te pela colina.
Um rio corre entre os teus braços, fechados à
volta de um nome
odeie,
o que dançava sob os arcos estelares.
As águas calam-se.
A lua agita os grandes leques brancos.
Decifra agora esta linha que arde como
arde uma inteligível mão
a dele,
o que se despenhava ao cimo da paixão.


JOSÉ AGOSTINHO BAPTISTA (1948)
Biografia

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