segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Lisboa


Lisboa e a desertificação

Feliciano Barreiras Duarte, Professor Universitário

Um dos problemas/oportunidades há muito diagnosticados na cidade e no concelho de Lisboa é o peso cada vez mais excessivo da população idosa na estrutura etária da capital de Portugal. Com consequentes desafios muito sérios de índole social. Desde os problemas inerentes à situação de milhares e milhares de idosos (a generalidade a viverem na solidão, em prédios degradados sem elevador, com rendimentos baixíssimos), até à falta de refrescamento demográfico (que traria melhores dinâmicas sociais, económicas e culturais à cidade), passando, como infelizmente não podia deixar de ser, pela desertificação de partes de Lisboa. A somar a tudo isto poderemos adicionar bloqueamentos díspares como são os casos da ausência de políticas de promoção de habitação adequada para a chamada de novos habitantes, da deficiente política de transportes (com uma desadaptada rede integrada de transportes e de comunicação) e de uma manifesta falta de cultura do espaço público, com passeios e ruas cheias de buracos e/ou defeitos, já para não falar dos jardins descuidados (com excepções). Estas e muitas coisas - que se diagnosticaram há muito tempo - têm vindo, nos últimos anos, de forma acentuada, a criar um "caldo económico-social" para a desertificação em cada vez mais partes da cidade. Por tudo isto, a recente aprovação, na Câmara Municipal de Lisboa - por proposta dos vereadores "Lisboa com Carmona" e com os votos favoráveis dos mesmos vereadores, do PSD e ainda do vereador do PS Cardoso da Silva -, da feitura de um estudo de viabilidade de adopção de medidas fiscais tendentes a promover o repovoamento deste município, é uma boa decisão política. Que se deseja e que se espera que seja concretizada a bem dos interesses de Lisboa. Para ajudar a acabar com a desertificação. E também para monitorizar as autoridades competentes para assumirem, na sua gestão política, as medidas mais adequadas, para que Lisboa fique menos desertificada, mais jovem, mais dinâmica, mais alegre e mais bonita. Para que Lisboa seja uma espécie de senhora atraente, moderna, encantadora, onde dê gosto para uns de viverem e para outros de visitar e ou trabalhar. Daí que estes problemas com algumas destas medidas devam ser transformadas em oportunidades. Vamos estar atentos para que assim seja.

Feliciano Barreiras Duarte escreve no JN, semanalmente, à segunda-feira
bd
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