sábado, 22 de dezembro de 2007

Marte



Marte poderá ser atingido por um asteróide

Existe actualmente uma probabilidade de 1 para 75 de um asteróide colidir com o planeta vermelho a 30 de Janeiro de 2008, dizem os astrónomos.

O asteróide, conhecido como "2007 WD5", foi descoberto nos finais de Novembro e a sua dimensão é similar à do objecto que atingiu a Sibéria em 1908, libertando uma energia equivalente a uma bomba nuclear de 15 megatoneladas e destruindo 60 milhões de árvores.

Os cientistas que estão a acompanhar o asteróide, actualmente a meio caminho entre a Terra e Marte, colocaram as probabilidades de uma colisão em 1 para 350, mas aumentaram-nas para 1 para 75 esta semana, noticia a AP.

«Estas probabilidades são extremamente incomuns. Nós normalmente trabalhamos com probabilidades muito longas quando acompanhamos (...) asteróides ameaçadores», explicou Steve Chesley, astrónomo do Near Earth Object Program no Jet Propulsion Laboratory da NASA.

Os cientistas esperam que as chances diminuam novamente no início do próximo mês, após registarem novas observações da órbita do asteróide, disse Chesley.

«Sabemos que irá passar por Marte e que provavelmente irá falhar, mas existe a possibilidade de um impacto», afirmou.

Caso colida com Marte, o "2007 WD5" provavelmente irá atingir a zona junto do equador, perto do local onde o rover Opportunity explora as planícies marcianas desde 2004. No entanto o robot não está em perigo, já que se encontra fora da zona de impacto. À velocidade de 13 quilómetros por segundo, a colisão resultaria num buraco do tamanho da famosa Cratera do Meteoro no Arizona, que tem 1.200 metros de diâmetro e 170 metros de profundidade.

Em 1994, fragmentos do cometa Shoemaker-Levy 9 chocaram com Júpiter, resultando numa série de bolas de fogo que se entrecruzaram no espaço. Os astrónomos continuam à espera de poderem testemunhar um impacto de um asteróide com outro planeta.

«Ao contrário de um impacto com a Terra, não estamos com medo, mas sim excitados», revelou Chesley.



Português prepara viagem a Marte

O Ciberia entrevistou Ricardo Patrício, um investigador português que lidera a equipa masculina que, durante os próximos tempos, vai simular a vida em Marte num deserto dos Estados Unidos. Neste projecto, há ainda uma equipa feminina que vai passar pela mesma experiência, a fim de estudar as diferenças entre os dois grupos. Uma verdadeira guerra dos sexos, que se estende ao planeta vermelho.

Qual será a diferença entre um Homem e uma Mulher a viver em Marte? Na tentativa de responder a esta questão, um grupo de investigadores vai fazer uma experiência para simular a vida em Marte. O projecto decorre entre 15 de Abril e 15 de Maio, no deserto de Utah, nos Estados Unidos, o local com condições mais semelhantes às do planeta vermelho.
A equipa de tripulantes masculina é liderada pelo português Ricardo Patrício. Este grupo de seis homens vai ser o primeiro a instalar-se na MDRS (Mars Desert Research Station), da Mars Society, onde vai permancer isolado durante duas semanas. Os meios de ligação destes investigadores são também limitados, apenas internet, mas muito lenta, no sentido de simular igualmente as comunicações da Terra com Marte.

A equipa masculina leva por diante o projecto "Leonardo", é composta por aspirantes a astronautas, seis efectivos, três suplentes e três para a equipa de apoio, provenientes de vários países como Holanda, França, Áustria, Autrália, EUA, Alemanha e Canadá.
A equipa feminina dá a cara pelo projecto "Mona Lisa", conta com 11 pessoas, também de várias nacionalidades, sendo seis efectivas e cinco suplentes, e vai estar na Mars Society entre 1 e 15 de Maio.
Neste momento há uma lacuna muito grande em relação ao comportamento de tripulações femininas em missões espaciais de longa data, motivo pelo qual a equipa "Mona Lisa" se torna importante neste projecto.


Ricardo Patrício
A vida em Marte, contada em Português


Ricardo Patrício, o português que integra e vai "comandar" a equipa masculina, explicou ao Ciberia que "a ideia surgiu na Austrália e foi lá que o projecto começou a ganhar forma ".
Durante este período, para além das diferenças entre sexos, no que respeita ao comportamento e situações de stress vão também ser estudadas as personalidades dos intervenientes, os estilos de liderança, o tamanho do grupo, as misturas culturais, a estruturação de funções e o poder, valores que podem afectar o funcionamento do grupo.

Os "futuros" astronautas vão ser submetidos a várias experiências sobre sistemas de suporte de vida (comida, água, oxigénio), preparação de refeições, condições ambientais, de conforto e ainda vão ter alguns tempos de lazer.
A tripulação vai usar um fato espacial com um novo conceito, que usa compressão mecânica, em vez dos tradicionais modelos pressurizados. Outro dispositivo que vai ser testado é uma caixa com luvas e câmaras acopladas, que poderá ser usado em experiências com fluídos, manuseamento e armazenamento de produtos perigosos.

Os participantes deste projecto vão colaborar com a Mars Society no desenvolvimento de um protótipo de veículo robotizado e de um jogo, Gamars, que vai ocupar os seus tempos livres.
Mas, se pensa que esta missão consiste apenas em levar uma rotina normal em que os participantes até usam os recursos locais, como o gelo para transformar em água e as plantas e nutrientes para cultivar em estufa, está muito enganado. Há sempre o factor surpresa e o inesperado que pode surgir a qualquer momento, para testar a reacção do grupo, a forma como solucionam os problemas e o modo como gerem uma crise dentro da equipa.

Um projecto a longo prazo

O objectivo principal desta experiência insere-se num programa mais amplo em que vão ser estudados diversos parâmetros acerca das duas equipas. No entanto, Ricardo Patrício afirma que é natural que se verifiquem divergências substânciais entre o comportamento feminino e o masculino. "É claro que há diferenças, há uma tendência clara para que as mulheres sejam mais organizadas, mas por outro lado, os homens também costumam executar melhor outro tipo de tarefas ", reconhece o investigador.

No final, esta experiência pode ser usada para agrupar dados e normas de conduta, onde sejam consagrados os deveres e direitos dos astronautas, durante missões de longo curso. Este engenheiro, formado em Engenharia Mecânica na Universidade de Coimbra, espera que o projecto seja "encarado como uma referência ", até porque ainda vão ser necessárias algumas décadas para que a desejada viagem a Marte seja finalmente possível. O sonho de Ricardo Patrício é vir a ser astronauta, mas encara a possibilidade de colocar os pés no planeta vermelho como algo muito distante. Segundo as suas contas, "só em 2020, será possível uma missão deste tipo e, por outro lado, neste momento uma missão que dura entre 1 e 3 anos é muito arriscada, principalmente pelo factor crítico em termos de radiações, que não temos ainda como evitar com a tecnologia actual ".

O sonho de ser astronauta

No total, o projecto está orçado em mais de 15 mil euros, sendo que quase metade deste valor, sete mil euros, foi pago apenas para arrendar a base da Mars Society.
O projecto está a ser patrocinado por várias empresas, nacionais e estrangeiras, das áreas de marketing, aviação e defesa, do desenvolvimento de tecnologia e informática e de aplicação espacial.

Ricardo Patrício confessa-nos que deposita bastantes expectativas nesta missão, que espera vir a ser cientificamente um sucesso. A partir dos dados obtidos, este engenheiro da Active Space Technologies espera também que "o público e o Estado português comecem a ficar mais sensibilizados para estas questões ". O investigador considera que, ainda assim, "todo este tipo de trabalho alerta o público para coisas interessantes que se fazem no nosso país e que ficam muitas vezes no esquecimento ".

Com um percurso invejável, este investigador já trabalhou na Agência Espacial Europeia e exerce actualmente funções, como engenheiro térmico, na Active Space Technologies. O sonho era mesmo ser astronauta, mas se isso tiver que ficar pelo caminho, visitar a estação Espacial Internacional já seria muito bom. Durante os próximos tempos, os sonhos não voam tão alto, centram-se apenas nesta experiência nos Estados Unidos. A simulação do ambiente de Marte já é um ponto de partida, mais um pequeno passo à procura dos seres verdes de antenas.

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