terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Arthur C. Clarke

Arthur C. Clarke à espera de chamada extraterrestre

Sir Arthur C. Clarke sempre acreditou que "não estamos sozinhos no universo". Por isso, numa mensagem com a duração de nove minutos postada há poucos dias no YouTube (http://www.youtube.com/), e num discurso feito no domingo, dia do seu 90.º aniversário, durante a cerimónia oficial em sua honra realizada em Colombo, no Sri Lanka, país onde vive há mais de meio século, Clarke expressou o seu desejo de "falar ao telefone com o E.T.".
"Ainda estamos à espera de uma chamada dele ou que nos dê um sinal de qualquer tipo", continuou o autor de Rendez-Vous com Rama. "Não podemos saber quando isso acontecerá. Espero que seja mais cedo do que pensamos." E acrescentou a este desejo de contacto com uma inteligência extraterrestre, mais outros dois, perante uma audiência que incluía o Presidente do Sri Lanka, Mahinda Rajapaksha, vários membros do Governo local e um grupo de cientistas e astronautas seus amigos, de diversas nacionalidades.
Clarke desejou também que a humanidade "se liberte da sua actual dependência do petróleo e adopte fontes de energia limpas", acrescentando: "As mudanças climáticas acrescentaram um novo sentido de urgência [a esta necessidade]... Não podemos permitir que o carvão e o óleo cozinhem lentamente o nosso planeta."
O seu terceiro e último desejo tem a ver com a paz no Sri Lanka, dilacerado por uma guerra civil entre o Estado e a guerrilha separatista dos Tigres Tâmiles desde 1983, e que já causou cerca de 70 mil mortes.
O escritor, nascido em Inglaterra em 1917, visitou este país pela primeiro vez na década de 50 e aí se instalou em 1956, por "se ter apaixonado pelo lugar". E desejou ver estabelecida "uma paz duradoura, o mais rapidamente possível". Arthur C. Clarke salientou ainda este respeito no seu discurso: "Vivo no Sri Lanka há mais de 50 anos e durante metade desse tempo fui testemunha entristecida de um amargo conflito que divide o meu país de adopção."
Em 2005, Clarke recebeu o mais alto galardão civil atribuído pelo Sri Lanka, pelas suas contribuições à ciência e à tecnologia e pelo empenhamento demonstrado em relação ao seu país adoptivo, onde se tem podido dedicar intensamente a uma das suas grandes paixões: o mergulho.

Um bolo e uma medalha

Na cerimónia dos seus 90 anos, o cientista e escritor, que está confinado a uma cadeira de rodas por sofrer de uma síndrome pós-poliomielite, cortou um bolo em que se lia 'Feliz Aniversário Sir Arthur', e recebeu um presente especial de um dos convidados. O astronauta russo Alexei Leonov, o primeiro homem a passear no espaço, em Março de 1965, entregou a Arthur C. Clarke uma medalha concedida pela Federação dos Cosmonautas da Rússia.
Na mensagem lida por ocasião da sua "nonagésima órbita em redor do sol", como chamou ao seu 90.º aniversário, o premiado e aclamado autor de Encontro com Rama, e último dos chamados "três grandes da ficção científica" ainda vivos (os outros são Isaac Asimov e Robert A. Heinlein), disse não se sentir "um dia mais velho do que 89 anos", e até citou Bob Hope: "Sabemos que estamos a envelhecer quando as velas começam a pesar mais do que o bolo."
Arthur C. Clarke, que previu a chegada do homem à Lua antes do ano 2000, as viagens espaciais ainda antes da invenção dos foguetes e o papel dos computadores na vida quotidiana das pessoas, disse também que "a idade de ouro do espaço está apenas a começar". Segundo ele, "nos próximos 50 anos, milhares de pessoas viajarão para a órbita da Terra, e depois para a Lua e para lá dela. Um dia, as viagens espaciais e o turismo espacial tornar-se-ão quase tão comuns como as viagens para destinos exóticos no nosso planeta".
Clarke falou ainda na "revolução nas comunicações" operada pelo advento dos telemóveis, salientou a importância "da tolerância, da compaixão e do optimismo" nas relações entre os seres humanos, e manifestou o seu desejo de que a humanidade supere as suas "divisões tribais", para poder "pensar e agir como uma família". Com agências e YouTube

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