quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

VIH

A Comissão Europeia já aprovou o primeiro comprimido único para doentes com VIH, que funciona como um três em um que simplifica o tratamento dos doentes seropositivos.

O novo medicamento, o Atripla, vem alterar a rotina diária dos portadores de VIH, ao reunir numa só toma a acção de três antiretrovirais já existentes no mercado e que tinham de ser tomados numa combinação de dois comprimidos, uma ou duas vezes por dia. Segundo Francisco Antunes, director do serviço de doenças infecciosas do Hospital de Santa Maria, apesar desta nova terapêutica não trazer grandes alterações aos portadores que fazem o tratamento combinado há vários anos, “a simplificação através da toma única de um comprimido é sobretudo importante para os novos doentes”. “Permite, naquelas situações em que a adesão ao tratamento pode ser problemática, como é o caso dos toxicodependentes, associar ao momento em que o doente toma a sua dose de metadona a toma deste comprimido para o VIH”, explicou ao CM.No entender de Francisco Antunes, o novo medicamento “facilita a adesão ao tratamento e uma maior eficácia”, até porque “indiscutivelmente é mais fácil e tem vantagens tomar um único comprimido”. Quando começaram a ser comercializados os primeiros antiretrovirais para controlar a evolução do VIH, os seropositivos chegavam a tomar 30 comprimidos por dia em diferentes horários.Quanto aos efeitos deste triplo fármaco, o infecciologista admite que “não há alteração da tolerabilidade porque, no fundo, os medicamentos são os mesmos”. Desta forma, é natural que persistam os efeitos secundários já conhecidos, como as tonturas ou a perturbação do sono. Outra das novidades associadas a este novo medicamento é o facto de resultar de um acordo entre as três farmacêuticas que já comercializam os antiretrovirais agora combinados: Gilead Sciences, Bristol Myers-Squibb e Merck Sharp & Dohme.Sobre a adesão dos médicos a esta nova terapêutica, Francisco Antunes acredita que, “se o custo da eficiência do novo medicamento o justificar, a maioria dos médicos vai optar por prescrever o comprimido único”. O especialista espera ainda que a negociação dos laboratórios farmacêuticos com o Infarmed – entidade que regula o sector farmacêutico no País – não implique “custos acrescidos” em relação à combinação de antiretrovirais já existente no mercado português.O Atripla junta a acção do efavirenz e da combinação emtricitabina e fumarato disoproxil de tenofivir, mas a sua entrada no mercado não vai excluir os retrovirais que já estão à venda. À VENDA NOS EUA DESDE JULHO DE 2006O medicamento agora aprovado pela Agência Europeia do Medicamento já está disponível nos Estados Unidos desde Julho de 2006. Em aproximadamente ano e meio, o Atripla tornou-se no remédio mais vezes utilizado por doentes portadores de VIH. De acordo com estatísticas norte-americanas, cerca de 80 por cento dos seropositivos que inicia tratamento fá-lo através deste comprimido três em um. Os 27 Estados-membros da União Europeia passam assim a ter autorização para comercializar este remédio, tal como a Noruega e Islândia. O Reino Unido e a Alemanha estão na corrida para serem os primeiros países comunitários a vender o novo medicamento. Ao que tudo indica, estão já a desenvolver esforços para iniciarem a comercialização durante a próxima semana. Isto porque nesses dois países o processo de aprovação é mais simples. Em Espanha, a documentação das farmacêuticas já foi apresentada ao Ministério da Saúde, devendo ser comercializado no Verão de 2008. O CM tentou contactar o Infarmed para saber se o processo de aprovação em Portugal já está em curso mas não obteve qualquer resposta.

Diana Ramos com A.P.

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