OS DIAS DO GRUPO MADREDEUS A CAMINHO DO FIM
DAVIDE PINHEIRO e ISABEL LUCAS
Os "dias da Madredeus" podem ter chegado ao fim. Pedro Ayres Magalhães, mentor e fundador, disse em entrevista ao DN que "é uma hipótese não voltar à estrada um grupo chamado Madredeus", a propósito de uma entrevista de Teresa Salgueiro à SIC em que a cantora anunciou a sua saída. O músico não recebeu a notícia com surpresa e adiantou que está a pensar no que fazer a seguir juntamente com Carlos Maria Trindade, o teclista.
Mas voltemos ao princípio. Tudo começou quando Teresa Salgueiro deu conta da sua falta de disponibilidade para se dedicar "em exclusivo" à banda que lhe deu projecção mundial. A cantora, agora com uma carreira a solo, disse ter necessidade de acarinhar "todos os [três] projectos novos que surgiram".
Todavia, num comunicado, a agora ex-vocalista disse que "tal facto não prejudicará uma eventual colaboração (...) se isso for tido como conveniente. Pedro Ayres Magalhães revelou ainda que tanto José Peixoto como Fernando Júdice já o tinham informado sobre o seu abandono dos Madredeus em Julho último. "Quando, por circunstâncias variadas, os músicos não podem dedicar-se tanto a este projecto, recebo isso muito bem. Temos um percurso extraordinário", defendeu o compositor principal ao DN. Para Pedro Ayres Magalhães, a vocalista "era a actriz da música do grupo".
Um pouco por todo o mundo, costumavam perguntar-lhe "o que seriam os Madredeus sem ela. Mesmo assim, o guitarrista "consegue imaginar outra voz" naquele lugar. Rodrigo Leão, antigo elemento da banda, hoje com uma distinta carreira em nome próprio, revelou ao DN que recentemente Pedro Ayres Magalhães lhe tinha confidenciado que "procurava outra voz".
Pode, no entanto, dizer-se que a notícia do fim dos Madredeus não é propriamente nova. No ano passado, a agência espanhola do grupo, a Syntorama, deu como certo o ponto final no percurso da banda, o que levou Pedro Ayres Magalhães a reagir imediatamente, desmentindo o que se tinha dito. Todavia, o cérebro do grupo anunciou um ano sabático marcado por " uma redução de datas para evitar problemas financeiros". O músico disse então que "não é possível financeiramente manter uma iniciativa independente e fazer tantos concertos".
Só que, em 2007, os Madredeus não deram um único concerto, o que levou a que uma série de projectos paralelos se desenvolvessem. "Fizemos uma pausa e uma reorganização para reflectir sobre o empenhamento do grupo", explicou. A Bunkamura Orchard Hall, em Tóquio, foi, aliás, a última sala a receber o colectivo português mais internacional de sempre. É preciso não esquecer que os álbuns mais recentes da banda - Um Amor Infinito e Faluas do Tejo - estiveram longe de obter bons resultados comerciais, se comparados com êxitos globais como Ainda ou Espírito da Paz. Pedro Ayres Magalhães lembra que "há um ano não colocava a hipótese de terminar", embora o futuro do grupo nunca tenha "estado certo", porque "primeiro era preciso saber se os músicos estavam satisfeitos, depois o público e finalmente a disponibilidade para viajar".
Olhando para o passado, fica com "uma sensação de tranquilidade por um trabalho bem feito", até porque "ninguém se zangou". Mas Rodrigo Leão, antigo músico e ainda hoje admirador da carreira da banda, não acredita que "a separação seja definitiva".|
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Há 11 anos
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