quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Demissão?




O presidente da Câmara Municipal de Lisboa não exclui a possibilidade de se demitir do cargo que assumiu há quatro meses. António Costa responsabiliza o PDS por ter votado contra uma proposta de um empréstimo bancário, o que "indicia o pior" sobre a votação do mesmo partido na Assembleia Municipal de Lisboa (AML), onde o mesmo PSD tem maioria absoluta.

António Costa considera o empréstimo "essencial para o funcionamento da câmara", pelo que o possível chumbo da proposta ontem aprovada é "um facto da maior gravidade e que ameaça a sustentabilidade do município e a governabilidade da cidade". "Sem este empréstimo a câmara não pode funcionar, é uma irresponsabilidade não o aprovar e é uma irresponsabilidade arrastar mais de sete mil credores para esta situação", pelo que, sublinhou, "neste momento, não posso excluir qualquer cenário". "É fundamental que quem criou 500 milhões de euros de dívidas a mais de sete mil credores nos deixe criar condições para podermos pagar as dívidas que deixaram", continuou António Costa, criticando o PSD.

A proposta de um pedido de crédito, junto da Caixa Geral de Depósitos, prevê um empréstimo de 500 milhões de euros divididos em duas tranches: uma de 360 milhões de euros, para as dívidas a curto prazo, e outra de 140 milhões de euros, que só poderá ser utilizada para eventuais dívidas de casos que ainda estão em contencioso judicial. "Esta segunda tranche só poderá ser usada para dívidas anteriores a31 de Julho de 2007, anteriores à minha tomada de posse, e o seu uso tem que ser aprovado em câmara e na AML. O PSD tem a faca e o queijo na mão e não vejo mais como atar as mãos", disse.

Por seu lado, o vereador social-democrata José Salter Cid considerou que esta não é uma situação de crise, porque "a proposta foi aprovada". Sobre o previsível chumbo na AML, não se quis pronunciar: "Sou vereador. Os deputados municipais é que sabem como vão votar e há muitos [os presidentes de Junta] que são deputados municipais por inerência". Salter Cid não quis explicar porque o PSD não apresentou uma alternativa ao empréstimo, que consta do plano de saneamento financeiro já aprovado em câmara e na mesma AML, votação em que o PSD se absteve.

Na discussão da proposta, os três vereadores limitaram-se a defender que o valor global do empréstimo é "muito elevado". Costa considera que "o PSD quer fingir que a situação não é tão grave como é, porque tem vergonha da situação em que deixou a câmara". |

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