quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Nelson Évora


22 Agosto 2008 - 00h30


Triplo salto: Português sagra-se campeão olímpico aos 24 anos



Nélson Évora: “É um dia muito feliz”

Nélson Évora tornou-se no quarto português a conquistar uma medalha de ouro olímpica. Após Carlos Lopes (Los Angeles 1984), Rosa Mota (Seul 1988) e Fernanda Ribeiro (Atlanta 1996), um salto de 17,67 metros em Pequim 2008 bastou a Nélson Évora para garantir um lugar na história do atletismo mundial.
No último salto, que nada resolvia, não se conteve e começou a chorar. Tinha cumprido um sonho de criança. 'É um dia muito feliz para mim por dar esta alegria ao povo português. É um orgulho imenso. Ainda não me habituei à ideia', disse.
A confiança de Nélson Évora esteve sempre patente em todo o concurso. Começou com 17,31 metros, melhorou para 17,56 no segundo ensaio. O nulo no terceiro salto não o afectou e no quarto fez os 17,67 metros. A concorrência não fez melhor.
Após a obrigação do último ensaio foi ao saco e tirou a bandeira portuguesa autografada pelos amigos, alguns deles atletas, e correu em volta do estádio, parando junto aos focos de portugueses. Vanessa Fernandes e Naide Gomes destacavam-se na bancada do Ninho de Pássaro. 'Não consegui conter as lágrimas. Foi uma emoção muito intensa. Houve mudanças de líder e penso que foi um bom espectáculo, mas estava muito seguro que conseguia', sublinhou o campeão olímpico e mundial (Osaka 2007) do triplo salto.
A medalha de ouro foi depois celebrada no restaurante português Nuvem, em Pequim, junto de amigos e familiares, onde comeu 'um belo bitoque'. O regresso do saltador a Lisboa está marcado apenas para a próxima quarta-feira.
Quanto ao futuro, Nélson não tem dúvidas: 'Vou continuar no meu mundo que é o que eu amo. Esta dinâmica e poesia do triplo salto.'

'ESTAVA NUM BOM MOMENTO'


– Esta medalha é uma resposta às críticas à representação portuguesa?
Nélson Évora –Fiquei triste com esse tipo de ataques à nossa equipa, porque essas críticas muito duras de fora acabaram por abater a equipa. Nós unimo--nos e esta medalha é um reflexo do que aconteceu nestes Jogos.
– Sentiu alguma pressão extra sobre a sua prestação face aos maus resultados?
– Não; e não concordo com a ideia de maus resultados.
– Esta final foi mais difícil do que esperava?
– Sabia quem eram os meus adversários e que tinha de estar ao melhor nível.
– Alguma vez pensou que já não poderia ganhar o ouro?
– Não. Sentia que estava num bom momento de forma.

'ESPERAVA MEDALHA, MAS NÃO O OURO'


'Esperava uma medalha, não o ouro, mas ele trabalhou para a conquistar.' É com estas palavras que a mãe de Nélson Évora, Élida Évora, se mostra emocionada e orgulhosa com a conquista da medalha de ouro do filho nos Jogos Olímpicos de Pequim.
Pelas 19h30 de ontem, momentos antes de entrar em casa, em Odivelas, onde também vive Nélson desde os cinco anos, Élida Évora não tinha ainda falado com o filho. 'Vou agora telefonar--lhe e as primeiras palavras são para lhe dar os parabéns, desejar muitas felicidades e sorte, mas também lhe hei--de dizer que não seja vaidoso e que pense bem no futuro porque não se vive do atletismo.'
Élida Évora viu o filho saltar em casa junto com alguns familiares, 'todos muito nervosos', mas o marido, Paulo Évora, viu as imagens televisivas a partir do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde se encontra internado a recuperar de uma cirurgia à vesícula.
À porta de casa de Nélson, 24 anos e natural da Costa do Marfim, reuniram-se ontem alguns vizinhos, orgulhosos do jovem. 'Se o Nélson estivesse nos Estados Unidos acredito que talvez estivesse preparado para saltar ainda mais longe', afirma o amigo José Bispo.
Uma antiga professora de Matemática do 8º ano, Olga Costa Abrantes, diz que desde miúdo se revelou 'empenhado'. 'Ele quis mesmo ficar sentado numa das carteiras da frente', recorda.

1 comentário:

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