sábado, 16 de agosto de 2008

Ciência em português

Jovens cientistas trabalham por um mundo melhor
E até esquecem as horas quando entram no Laboratório de Química Orgânica de Glúcidos


Manipular átomos em moléculas, em «operações» impossíveis a olho nu, para ajudar a combater doenças ou obter biopesticidas, é tarefa que entusiasma um grupo de jovens cientistas que esquece as horas quando entra no Laboratório de Química Orgânica de Glúcidos, noticia a Lusa.
Filipa Marcelo, que este ano termina o doutoramento, tem em mãos o que acredita ser a solução para encontrar o inibidor de um fungo responsável pela doença do arroz e considerado um potencial agente de bioterrorismo.
O projecto, a que Filipa se entrega no laboratório situado no quinto andar de um dos edifícios da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), juntamente com a já doutora Alice Martins e o mestrando João Miguel Caio, decorre sob sigilo até que seja conseguido o registo da patente para produção de um novo fungicida eficaz, não tóxico, e com potencial aplicação industrial.
Amélia Pilar Rauter, a professora que chefia o grupo de investigação de glúcidos do Centro de Química e Bioquímica da FCUL, explica à Lusa que Filipa desenvolveu a primeira síntese do que pode vir a ser uma «arma» no combate a um fungo que, disseminado em grande escala, pode ser usado para contaminar campos de arroz.
Com 14 colaboradores - um em pós-doutoramento, oito em doutoramento, quatro em mestrado e uma estagiária -, Amélia Rauter só espera que as empresas percebam o «grande potencial» dos investigadores que orienta.

Ciência aplicada ao dia-a-dia

O doutorando Nuno Manuel Xavier desenvolveu em laboratório metodologias simples para obter pesticidas amigos do ambiente, de forma mais económica e mais eficaz, visando a produção pela indústria.
Actualmente, investiga açúcares fungicidas de largo espectro, enquanto o mestrando Miguel Santos pesquisa novos processos não tóxicos, e com materiais reutilizáveis, para transformar açúcares, evitando os solventes.
João Sardinha e Susana Lucas procuram, no âmbito do seu doutoramento, o desenvolvimento de novos açucares de estrutura modificada para estudar interacções a nível celular «relevantes para o conhecimento dos processos que ocorrem em várias patologias, como o cancro e a sida», disse Amélia Rauter à Lusa.
A nível nacional, a mestranda Joana Salta desenvolveu, até Dezembro, em parceria com a Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha, uma investigação que concluiu pela maior actividade antioxidante desta pêra quando comparada com outras, estando agora a estudar vários outros constituintes deste fruto.
O grupo desenvolve ainda estudos de química aplicada ao património cultural, como a investigação, desenvolvida por Kátia Bittencourt, de métodos de branqueamento do papel, com o objectivo de melhorar a qualidade dos documentos históricos manuscritos, ou, sob orientação da professora Eduarda Araújo, da conservação de cabedais históricos.

Sem comentários: