quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Imigrantes casam com portugueses

Imigrantes casam cada vez mais com portugueses

Estudo anota tendência maioritária entre brasileiras e ucranianas, à procura da nacionalização

EDUARDA FERREIRA

O casamento entre imigrantes e cidadãos nacionais assume diferentes tendências, consoante os noivos sejam africanos ou originários do Brasil e da Ucrânia. Estes saem mais do seu grupo para casar com portugueses/as.
O amor porventura encontrado no país de acolhimento não é tido em conta na análise feita por Ana Cristina Ferreira e Madalena Ramos, com base nos números do Instituto Nacional de Estatística. Estas investigadoras do ISCTE recorreram exclusivamente aos dados referentes ao período entre 2001 e 2005 sobre as uniões legalizadas entre imigrantes e entre estes e cidadãos nacionais. Entre as conclusões, elas retiram dessa análise que os grupos com chegada mais recente (do Brasil e da Ucrânia) se unem tendencialmente mais a parceiros portugueses, o que será eventualmente explicável pela procura de naturalização no país através do casamento. Já os imigrantes africanos (e de entre eles sobretudo os guineenses) casam mais com parceiros com a mesma proveniência.
Os casamentos que envolvem imigrantes como uma das partes já representaram, em 2005, 8,9% do total de uniões em Portugal, taxa importante se tida em conta a relação entre o número de imigrantes e o total da população. Nesse ano, as estatísticas oficiais indicavam como de 3,9% o total de estrangeiros entre a população residente. A percentagem de uniões legalizadas foi crescendo progressivamente em cada ano desde 2001. Nesse começo do século, cifrava-se em 3,6% .
O acréscimo de casamentos verificado neste período, dizem as autoras do estudo publicado na Revista de Estudos Demográficos do INE, deve-se sobretudo ao aumento do número de cidadãos estrangeiros a residir em Portugal e também ao facto de eles pertencerem a "idades activas que são igualmente as idades mais "casadoiras".
O estudo incidiu sobre imigrantes com cinco origens: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Brasil e Ucrânia. Foram tidos em conta dados como as habilitações e a idade. Da análise feita por naturalidade e por sexo, as investigadoras afirmam ter concluído que existem " estratégias matrimoniais distintas entre os grupos de imigrantes correspondentes aos fluxos de imigração mais antigos e os mais recentes". Nestes últimos (Brasil e Ucrânia) verifica-se menor tendência para casamentos entre imigrantes com a mesma nacionalidade. Assim, afirmam as autoras do estudo, foram "encontrados indícios de que os casamentos com indivíduos fora do grupo de origem podem revelar estratégias para a obtenção da nacionalidade".
Dos casamentos realizados em 2005 envolvendo um imigrante (4.332), foram 2.959 as uniões em que um dos parceiros tem origem brasileira. Na sua maioria (57,4%) era o cônjuge feminino que tinha essa nacionalidade. Já as portuguesas são menos propensas a casar com um estrangeiro (elas foram só 17,9% das noivas). Nos casamentos com imigrantes, em 51,4% dos casos o cônjuge masculino é português "o que poderá indiciar uma integração acentuada na comunidade portuguesa", dizem as autoras do estudo.
São as mulheres da Ucrânia as que mais estão dispersas nos grupos de qualificações escolares e profissionais: se, por um lado, estão representadas no sector não qualificado, a par das angolanas, têm elevada expressividade nas profissões intelectuais e científicas (14,5%). Em termos globais, os "casadoiros" estrangeiros têm em média um curso do secundário.

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