Pela primeira vez, formação de planeta pôde ser observada
Qui, 03 Jan, 04h34
PARIS (AFP) - A formação de um planeta no interior do disco de poeira e de gás que envolve uma jovem estrela pôde, pela primeira vez, ser observada nos arredores da TW Hydrae, uma estrela jovem que tem idade entre 8 e 10 milhões de anos, afirmou um estudo publicado na edição desta quinta-feira na revista Nature.
Uma equipe de astrônomos do instituto Max-Planck de Astronomia em Heidelberg, na Alemanha, detectou a existência de um planeta com massa cerca de 10 vezes superior à de Júpiter (o maior planeta do sistema solar). Este exoplaneta, ou seja, que orbita uma estrela que não é o Sol, precisa de 3,56 dias para contornar sua estrela, distante dele 0,04 unidades astronômicas (UA), ou seja, 25 vezes menos que a distância da Terra até o Sol. Para efeito de comparação, a Terra precisa de 365 dias e 6 horas para contornar sua estrela, o Sol. Para chegar a estes números, os astrônomos recorreram a um método de cálculo baseado nas emissões de luz feita pela TW Hydrae.
"Isto prova que os planetas podem se formar em dez milhões de anos, antes de o disco ser dissipado pelos ventos solares e pela radiação", que chega cerca de 10 milhões de anos depois do nascimento de uma estrela, afirmam os astrônomos de Heidelberg.
Hoje em dia, é admitido que os planetas se formem em discos de poeira que circundam as jovens estrelas. Mas o processo que conduz a sua formação ainda continua cheio de mistérios.
Até o momento, nenhum planeta tinha sido detectado ao redor de uma estrela com idade inferior aos 100 milhões de anos. O sistema solar, por exemplo, tem 4,57 bilhões de anos.
"O crescimento de grãos de poeira da ordem do micrômetro (a milionésima parte do milímetro) para formar os embriões de planetas a partir de coalizões é, provavelmente, o mecanismo que leva à formação dos núcleos planetários", segundo Johny Setiawan e seus colegas.
Ao crescerem, estes núcleos acabam possuindo mais massa e passam a reter uma parte do gás suspenso no entorno da estrela, explicam os cientistas. Contudo, a equipe de Setiawan salienta não ter sido excluída a hipótese de que os planetas gigantes sejam formados diretamente pelas instabilidades gravitacionais no disco de poeira das estrelas.
No total, cerca de 270 planetas são conhecidos atualmente, a descoberta do primeiro exoplaneta foi em 1995.
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