domingo, 13 de janeiro de 2008

Aeroporto e emprego

Investimento: Estudo do LNEC traça cenário até 2050
Aeroporto cria 65 mil empregos

António Cotrim, Lusa

Estudo do LNEC defende que nova cidade aeroportuária poderá criar na economia portuguesa entre 29 mil e 65 500 postos de trabalho
A construção do novo aeroporto de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete, na margem Sul do Tejo, poderá fomentar a criação de 65 500 empregos, até 2050 – altura em que a nova cidade aeroportuária já estará a funcionar em pleno.

O estudo comparativo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) entre Alcochete e a Ota, que serviu de base de apoio à opção política do Governo pelo Campo de Tiro de Alcochete, considera que a construção do aeroporto na margem Sul do Tejo terá um forte impacto na criação de emprego ao nível local mas também no conjunto da economia portuguesa. A concretizarem-se as previsões de tráfego consideradas no estudo, os ganhos de emprego global adicional na economia portuguesa e na grande região de polarização de Lisboa poderão oscilar entre um mínimo de 29 300 e um máximo de 65 500 postos de trabalho.

O documento precisa mesmo que, em 2030, poderão estar criados entre 29 300 e 37 900 empregos, números que sobem para um intervalo entre 50 100 e 65 500 postos de trabalho em 2050. Para os autores do estudo do LNEC, estes resultados “são bastante expressivos e confirmam plenamente a ênfase colocada na importância decisiva do modelo de aeroporto a desenvolver como factor crítico de sucesso para o projecto do novo aeroporto de Lisboa”.

Ao constatar esta realidade, o estudo frisa que “os impactos económicos e sociais resultantes da construção e funcionamento de um aeroporto são bastante diversificados e produzem-se através de mecanismos de transmissão que envolvem efeitos diferenciados”.

A presidente da Câmara do Montijo, concelho ao qual pertence a freguesia do Canha, onde o aeroporto será construído, reconhece que este é um projecto que terá “um impacto favorável no emprego na região”. Como o distrito de Setúbal “tem uma taxa de desemprego com algum significado”, Maria Amélia Antunes considera que “esta pode ser uma oportunidade para a regeneração do emprego na região”. O aeroporto será construído entre 2010 e 2017.

OTA TINHA RESTRIÇÕES

De acordo com o Instituto de Meteorologia, a construção do novo aeroporto na Ota teria “restrições” para as operações aeronáuticas devido “à ocorrência de fenómenos de instabilidade e turbulência atmosférica” identificados para a região.

Apesar das conclusões do estudo realizado pelos especialistas do Instituto de Meteorologia apontarem que em relação aos restantes fenómenos relevantes “não se evidenciam diferenças significativas entre aqueles locais”, as condições climáticas da região de Alcochete parecem ser mais favoráveis ao tráfego aéreo.

O Instituto recomenda agora que seja feito um estudo mais aprofundado em Alcochete para se conhecer mais detalhadamente as características atmosféricas.

PROTESTOS

PS/OESTE

A Federação Regional do Oeste do PS põe em causa as conclusões do estudo do LNEC, que serviu de base à escolha da localização. Defendem mais objectividade na análise comparativa entre Ota e Alcochete.

LEIRIA

A distrital do PSD em Leiria contesta a localização, considerando-a um sinal da “incoerência do Executivo”. A distrital questiona por que razão Alcochete só foi considerado “depois da divulgação de um relatório de interesses privados apresentado pela CIP”.

SOCIEDADE DAS AVES

A Sociedade Portuguesa do Estudo das Aves considera “extremamente preocupante” do ponto de vista ambiental, da conservação da natureza e da biodiversidade a escolha de Alcochete.

António Sérgio Azenha

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