sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Fernando José Francisco



Cruzeiro Seixas elogia talento de Fernando José Francisco

O poeta e pintor surrealista Artur do Cruzeiro Seixas lamentou a morte do amigo também pintor Fernando José Francisco, elogiando-lhe o talento e a história de vida «excepcional».

«É uma dor imensa que sinto, perante uma geração que está a desaparecer», disse à Lusa Cruzeiro Seixas, de 87 anos, que conheceu Fernando José Francisco - falecido hoje, aos 85 anos, de doença respiratória prolongada - na Escola António Arroio, em Lisboa.

«Ele era o melhor de nós todos, era a maior esperança« das artes plásticas em Portugal, acrescentou o pintor, um dos fundadores do grupo dissidente »Os Surrealistas«, em cujas duas primeiras exposições Fernando José Francisco participou, em 1949 e 1950, antes de abandonar a pintura pelo amor de uma mulher, com quem viveria até ao fim.

Uma »história excepcional« - observou Cruzeiro Seixas - »que poderia ser cantada por um Camões«.

«Por o amor ser tão grande ou por ser fraco, ele decidiu deixar de pintar, o que é admirável, muito bonito - e é único», sublinhou.

Da obra de Fernando José Francisco «cuja celebridade se limitou à adolescência», Cruzeiro Seixas guardou três trabalhos - incluindo «um óleo muito bonito» - que estão hoje depositados na Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, que alberga o Centro de Estudos do Surrealismo.

Após uma ausência de mais de 40 anos dos circuitos artísticos, Fernando José Francisco apresentou trabalhos seus pela última vez em Novembro de 2006, na Perve Galeria, em Lisboa, numa exposição colectiva com Cruzeiro Seixas e Mário Cesariny, outro membro fundador de «Os Surrealistas», que faleceria no mesmo mês.

«O Mário teve a ideia de reunir os amigos que preferia, penso eu... Foi a despedida - e foi, é claro, uma coisa muito difícil de suportar, porque estavam ambos já muito doentes, não pareciam as mesmas pessoas«, comentou o pintor.

Diário Digital / Lusa

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