Morte por sida registou descida de dois milhões
Mundo tem 33 milhões com VIH. São 34 mil em Portugal, que recebe elogio
EDUARDA FERREIRA
Decresceu o número de mortos por sida no Mundo e também diminuíram em 2007 as novas infecções. Portugal vem citado no relatório ONUSIDA num conjunto de 15 países com maior cobertura pela terapia com antiretrovirais.
Em 2007 morreram de sida menos dois milhões de pessoas que no ano anterior. O mundo tinha, no mesmo período, 33 milhões de infectados pelo VIH.
Destes, a parte mais significativa concentrava-se nos países africanos a Sul do Sara, que têm também o número mais elevado de mulheres infectadas. Ali, onde apenas um terço dos seropositivos tem acesso a tratamento, o drama da doença espalha-se para as gerações mais novas: já há 12 milhões de órfãos. Na infecção em adultos, a Suazilândia tem a taxa mais elevada do mundo: 26% da sua população.
A ONUSIDA, parceria das Nações Unidas com outras organizações para contrariar a devastação da sida, sublinha no seu relatório ontem divulgado que a diminuição do número de infecções e óbitos se deve a duas razões: estendeu-se um pouco a cobertura das terapias antiretrovirais e, em algumas regiões do mundo, as populações começaram a aderir ao uso de preservativos quando há parceiros múltiplos.
Esta mudança de comportamentos é também assinalada relativamente a algumas regiões de África, como a correspondente aos Camarões, onde a iniciação sexual antes dos 15 anos deixou de ser tão comum como antes.
Apesar de os números globais indiciarem uma relativa travagem na disseminação da doença, a ONUSIDA constata que em algumas regiões ou países aumentou a taxa de novas infecções. É o caso da China, Indonésia, Quénia, Rússia, Ucrânia, Moçambique e Vietname.
A Europa de Leste e a Ásia central viram duplicar as suas taxas desde 2001. Por outro lado, em países como a Alemanha, Canadá e Estados Unidos, aumentou a taxa de infecção passada entre homens. No caso de África são as relações heterosexuais as que mais contribuem para o aumento do número de infectados.
Com excepção de África, as novas contaminações ocorrem em maioria por uso de drogas injectáveis, prostituição (e seus frequentadores) e relações não protegidas entre homens. Um dos progressos constatados pela ONUSIDA tem a ver com a passagem de novas infecções das grávidas para os fetos. Houve, em 2007, menos 40 mil casos no mundo. Mas esta realidade não esconde uma outra: a nível mundial, no ano passado, mais 370 mil crianças com menos de 15 anos ficaram infectadas, continuando a tendência verificada logo no começo do século. Isto faz com que vivam com VIH dois milhões de crianças. E, mais uma vez, é em África que estes casos se concentram, numa taxa de 90%.
Portugal partilha com 15 países (entre os quais alguns minúsculos reinos da Oceania, mas também a Dinamarca, Alemanha e Israel) uma classificação relativa aos casos com cobertura por terapias antiretrovirais. Estaremos com 75% de cobertura. A mesma lista indica que estarão com cobertura de 50 a 75% países como a Suécia, Luxemburgo e a Noruega. A Europa ocidental tinha, em 2007, cerca de 800 mil pessoas infectadas, enquanto os Estados Unidos tinham 1,2 milhões.
Só com o tratamento de todos os infectados até 2010 se poderia inverter o andamento da doença por volta de 2015, lembra o relatório citando os objectivos do Milénio. Para tanto serão necessárias mais verbas e uma estratégia que combine medicação com prevenção.
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Há 11 anos
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