segunda-feira, 4 de maio de 2009

Cientistas portugueses

Ciência

Físicos portugueses descobrem cinco novas partículas

Hoje

Uma equipa de físicos portugueses das Universidades de Coimbra e Lisboa descobriu cinco novas partículas subatómicas, chamadas "mesões", que um dos seus autores comparou a notas da partitura de uma nova música.

"Vejo tudo isto como pautas em que tentamos descobrir música a partir de poucas notas", disse hoje à Agência Lusa o físico teórico português de origem holandesa Eef van Beveren, do Centro de Física Teórica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

A existência dessa "música" começou a ser sugerida há meio século, mas só há 30 anos é que estes cientistas souberam que ela consistia em pautas ligeiramente diferentes, em que havia notas dispersas, "uma aqui, outra ali", mas sem sequência, explicou.

"E sem ter sequência era muito difícil adivinhar o aspecto geral dessa música", acrescentou.

O que fez a equipa - que inclui também os portugueses George Rupp, do Instituto Superior Técnico (IST), e Rita Coimbra (aluna de doutoramento), e o chinês Xiang Liu - foi descobrir cinco "notas" que faltavam à partitura.

Numa dessas pautas, a que os cientistas chamam "pauta de encanto e anti-encanto", foram descobertas há 30 anos seis notas que tinham propriedades idênticas, mas estavam em sítios diferentes.

"O que nós fizemos foi descobrir mais cinco e isso significa que temos agora uma sequência de 11 notas numa linha e isto já dá para descobrir qual é a música que está ser contada", afirmou Eef van Beveren. "A partir disto vamos fazer a sugestão de qual a música que está em todas as pautas".

O estudo, já aceite para publicação pela revista EuroPhysics Letters - uma revista europeia de referência no domínio da Física -, foi feito a partir de um modelo matemático único desenvolvido por van Beveren e George Rupp para decifrar os resultados de uma experiência realizada num acelerador de partículas japonês por um consórcio internacional de investigadores conhecido por Grupo Belle.

Foi no processo de análise e interpretação dos dados publicados em Agosto do ano passado por este grupo que a equipa portuguesa encontrou com "enorme surpresa e satisfação", no sítio certo, essas cinco partículas.

A descoberta foi recentemente confirmada na análise de outro conjunto de dados de outra experiência, realizada nos Estados Unidos, referiu van Beveren.

Embora haja mais trabalho experimental a fazer para confirmar a descoberta, o cientista considera-a "um passo de gigante" para aumentar o conhecimento na Física de partículas.

Van Beveren e George Rupp, que se conheceram na Holanda, desenvolvem um longo trabalho de colaboração, tendo escrito o primeiro artigo conjunto em 1980.


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