Investigadores portugueses e suíços desenvolvem robô guiado pela mente
Experiência pioneira de controlo remoto de um robô por ondas cerebrais poderá revolucionar a vida de pessoas com deficiências motoras.
Nelson Marques
11:03 Domingo, 19 de Abr de 2009
Imagine a possibilidade de controlar um robô ou mover uma prótese usando apenas as ondas cerebrais. De desencadear uma acção ou movimento sem necessidade de mexer um dedo ou verbalizar qualquer palavra. Pode até soar a ficção científica, mas não se trata de um cenário futurista. A realidade está cada vez mais perto, como irá demonstrar uma experiência pioneira que terá lugar na próxima terça-feira.
Mais de 1500 quilómetros separam os dois cenários desta experiência de controlo remoto de um robô por ondas cerebrais. Em Coimbra, no Laboratório do Instituto de Sistemas e Robótica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da universidade local (FCTUC), o pequeno dispositivo robótico. Na Suíça, no Hospital Universitário de Genebra, um investigador instalado confortavelmente numa cadeira com um dispositivo de eléctrodos na cabeça e um computador à sua frente. O resultado já o leitor poderá adivinhar: se tudo correr como previsto, pelas 10h30 da próxima terça-feira, as ondas cerebrais do cientista suíço irão activar o robô situado em Portugal.
A nova interface cérebro-computador foi desenvolvida ao longo dos últimos três anos por uma equipa de investigadores portugueses e suíços no âmbito do projecto Europeu BACS (Bayesian Approach Cognitive Systems). A revolução anunciada representará um autêntico sopro de liberdade para pessoas com deficiências motoras graves, que se encontram reféns do seu próprio corpo.
Guiados pela mente
"Com um simples e discreto dispositivo de eléctrodos, cidadãos com necessidades muito especiais, como, por exemplo, tetraplégicos ou acamados, terão autonomia para realizar tarefas quotidianas como atender o telefone, pedir ajuda, abrir a porta, abrir o frigorífico, etc. Este sistema terá, sem dúvida, grande utilidade social", afirmou o coordenador do projecto Jorge Dias, da FCTUC, estimando que, no prazo máximo de cinco anos, "a nova tecnologia será mais popular porque é financeiramente atractiva e sem dificuldade de manuseamento".
Segundo o neurocientista português António Damásio, as chamadas interfaces cérebro-computador, que permitem usar a actividade electromagnética do cérebro para, por exemplo, controlar próteses robóticas, serão uma das principais revoluções científicas que se materializarão nos próximos anos.
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