quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Magalhães, o computador


«Vinda de onde vem — políticos com sensibilidade às novas tecnologias, jornalistas, bloggers da direita, etc.; e nem todos são tontos — a campanha contra o computador Magalhães roça o irracional. O governo faz propaganda? É evidente que sim. Que outro governo não faria? A introdução do Magalhães na rede de ensino é uma medida de indiscutível alcance? É evidente que sim. O busílis está em que Sócrates se lembrou, e eles não. Tão simples como isto. Saber se o computador é 100% português (e já agora gostava que me indicassem um computador 100% americano, japonês, inglês, coreano, alemão, indiano ou chinês) ou resultado de parcerias, não lhe retira eficácia. O tour dos ministros era dispensável? Eu acho que sim, mas eu não faço política. O PSD teria feito exactamente o mesmo se, sendo governo, os seus ideólogos tivessem força (não teriam) para impor a distribuição de computadores nos termos actuais. O clamor da oposição é directamente proporcional à mudança de paradigma. Portugal não se resume aos meninos da alta classe média cujos papás podem pagar tecnologia de ponta. Porque os da média-média têm sérias dificuldades. E os outros simplesmente não podem (nunca puderam). O que é espantoso é que a democratização da informática, hoje, provoque sobressalto idêntico ao que teria provocado, há cem anos, uma campanha de alfabetização em massa. O resto é cantiga.»

Eduardo Pitta
http://www.daliteratura.blogspot.com/

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