domingo, 21 de outubro de 2007

Disse que não disse o que disse


Vencedor de Nobel pede desculpa por comentário racista
Sex, 19 Out, 01h30

O cientista americano James Watson, laureado com o Nobel de Medicina em 1962 como co-descobridor da estrutura molecular do DNA, fez hoje um pedido "irrestrito" desculpas por ter dito recentemente que testes de QI sugeriam que os africanos não seriam tão inteligentes quanto os brancos. "Estou mortificado com o que aconteceu", disse Watson, de 79 anos. "O pior de tudo é que eu não consigo entender como eu pude ter dito o que me citaram dizendo", prosseguiu.

"Eu certamente posso entender por que as pessoas, ao lerem essas palavras, reagiram da forma como aconteceu. A todos aqueles que entenderam de minhas palavras que a África, como um continente, é de alguma forma geneticamente inferior, posso apenas fazer um pedido irrestrito de desculpas. Não foi o que eu quis dizer. O mais importante de tudo, do meu ponto de vista, é que não existe base científica para se crer nisso", concluiu.

A promotora Kate Farquhar-Thomson, que acompanhava Watson na visita à Grã-Bretanha, não respondeu quando questionada se o cientista sugeria ter sido mal interpretado. "Vocês têm a declaração. É isso", limitou-se a dizer.

Um porta-voz do jornal londrino The Sunday Times, que publicou as declarações na mais recente edição de sua revista dominical, informou hoje que a entrevista foi gravada e que o veículo reproduziu fielmente as palavras do cientista.

Em Nova York, o Cold Spring Harbor Laboratory, um dos mais conceituados do mundo na pesquisa do câncer e de doenças neurológicas e do qual Watson é embaixador, afastou o biólogo molecular de 79 anos de suas responsabilidades administrativas.

Segundo Farquhar-Thomson, Watson retornou hoje aos Estados Unidos, interrompendo prematuramente a visita à Grã-Bretanha iniciada ontem para a promoção de seu mais recente livro, "Avoid Boring People: Lessons From a Life in Science" (em tradução livre: Evite pessoas chatas: Lições de uma Vida Dedicada à Ciência).

Ontem, o Museu de Ciências de Londres cancelou uma palestra que deveria ser pronunciada hoje por Watson. As declarações foram reproduzidas em artigo de primeira página na edição de quarta-feira do jornal The Independent, também de Londres.

Esta não é a primeira vez que Watson provoca polêmica por comentários preconceituosos. Ele já chegou a dizer que as mulheres deveriam ter o direito de abortar um feto caso exames fossem capazes de indicar que o bebê mais tarde se tornaria homossexual.

Watson também sugeriu a existência de conexão entre a cor da pele e o apetite sexual ao propor que pessoas de pele negra tinham mais libido que outras.

Agência Estado

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