Um novo método de diagnóstico desenvolvido por investigadores brasileiros da Universidade Federal de Pernambuco detecta o vírus da nova gripe (H1N1) no tempo máximo de cinco minutos e poderá ser utilizado em larga escala a baixo custo.
"É uma técnica usada para fazer diagnóstico totalmente diferente das técnicas usuais", disse à Lusa o físico Celso Pinto de Melo, que lidera a investigação em Pernambuco.
"Apesar de uma grande sofisticação, esse procedimento demora de três a cinco minutos. É um teste rápido e barato. É possível aplicá-lo e dar a resposta ao paciente se ele está ou não infectado, adiantou.
Ainda em fase de testes de laboratório, o cientista acredita que este método democratizaria o diagnóstico e causaria um "impacto muito grande".
Apenas quatro laboratórios estão autorizados no Brasil a fazer os testes de diagnóstico da H1N1: o Adolfo Lutz em São Paulo, a Fiocruz no Rio de Janeiro, o Evandro Chagas no Pará e os laboratórios centrais Lacens do Paraná e Rio Grande do Sul.
No caso de pacientes do estado de Pernambuco, os exames são levados para o Pará e levam mais de dez dias para terem a confirmação do resultado.
"O tempo de dez dias é apenas útil para dados epidemiológicos. Não há muito a fazer: ou o paciente já foi medicado com tamiflu e melhorou ou evoluiu para óbito", argumentou.
Pinto de Melo explicou que a nova técnica consiste num trabalho com polímeros condutores com nanopartículas metálicas que apresentam intensa fluorescência.
A investigação teve início há três anos e meio, quando a equipa de cientistas viu a possibilidade de usar este método para algum tipo de diagnóstico.
"Vimos que, graças à enorme luminescência de material, poderiam ser feitos testes com fragmentos com vírus ou bactérias em pequenas concentrações e desde há dois anos que estamos a trabalhar com o diagnóstico da dengue e o HPV (papiloma vírus humano). E os testes foram muito positivos", destacou.
O grau de fiabilidade para o diagnóstico do HPV aproxima-se dos 100 por cento e da dengue supera os 70 por cento.
O teste consiste em recolher o material genético do paciente (secreção nasal ou sangue) e, numa lâmina, juntar a uma substância de composto metálico fluorescente. Para confirmar a doença, a lâmina fica a brilhar em contacto com o fragmento de RNA que transmite a carga genética do vírus.
"Se o paciente é suspeito de ter a doença, a lâmina fica brilhante e o teste é positivo", destacou, acrescentando: "Queremos fazer para o H1N1 o que já está a ser feito com a dengue e o HPV".
O laboratório da instituição já está em contacto com as autoridades públicas de Pernambuco para articular acções com vista a utilizar este método. Melo garantiu que é possível que, a partir da próxima semana, esta técnica já possa ser utilizada.
Mas, para ser implementado a nível nacional é necessário o cumprimento de uma série de exigências e protocolos de segurança do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Se os testes provarem fiabilidade, admitiu o investigador, o método será usado para uma larga gama de doenças como a leishmaniose e a hepatite. A possibilidade de salvar vidas também é maior, reconheceu.
Celso Pinto de Melo considerou viável implantar este sistema a nível nacional, até o final do ano, caso a Anvisa e o Ministério de Saúde manifestem interesse.
A grande vantagem seria a rapidez e a facilidade do diagnóstico que não ficaria restrito aos quatro laboratórios.
"Poderia ser feito em postos de saúde e hospitais com um preço de custo de dose a 75 centavos de real" (pouco mais de 28 cêntimos do euro), concluiu.
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Há 11 anos
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