domingo, 22 de fevereiro de 2009

Brígida Pereira Neves

Brígida Pereira Neves é a única ocidental a dançar na China
22.02.2009 - 13h33 Lusa


A portuguesa Brígida Pereira Neves, de 24 anos e natural de Cascais, é a única bailarina ocidental a integrar uma companhia chinesa, o Ballet Clássico da Manchúria. Ontem à noite, actou pela primeira vez em Portugal como bailarina profissional.

Brígida entrou em Dezembro de 2007 para a companhia de Ballet Clássico da Manchúria, da cidade chinesa de Shenyang, que actuou ontem em Vila Real.

O Ballet Clássico da Manchúria ou Liaoning, uma das mais importantes companhias de ballet da China, levou "O Último Imperador" a Trás-os-Montes, naquele que foi um espectáculo único em Portugal.

Brígida Pereira Neves disse que decidiu que queria ser bailarina muito cedo.

"Aos três anos comecei a chorar e disse à minha mãe que queria ir para as aulas de ballet. Apesar de ser muito pequena, a professora aceitou-me. Não sei porquê, mas sempre foi o meu sonho", afirmou.

O sonho de menina levou-a para Londres aos 16 anos, onde estudou ballet e dança contemporânea.

A persistência fê-la atravessar o Atlântico rumo aos Estados Unidos da América (EUA), onde o azar lhe bateu à porta: partiu um pé e regressou a Portugal, onde foi operada. "Tive medo que fosse o fim da minha carreira, mas seis meses depois voltei a dançar".

De novo em Londres, surgiu a oportunidade de ir para a China, para integrar uma companhia nova de ballet que, afinal, segundo a jovem, se revelou ser de cabaret. "Ao fim de uma semana decidi que não era aquilo que queria fazer e fui para Hong Kong", salientou. Em Hong Kong, Brígida deu aulas de inglês e de ballet a crianças para ganhar dinheiro ao mesmo tempo que ia a audiências. Cinco meses depois integrou a Liaoning.

A portuguesa é actualmente a única bailarina dos continentes Europeu e Americano a actuar numa companhia de ballet na China. Apenas mais um russo dança naquele país oriental.

Na China, diz Brígida, grande parte das companhias não aceitam profissionais estrangeiros.

"A língua foi um pouco uma barreira, mas os colegas foram o mais simpáticos possível e logo no primeiro dia disseram que éramos todos amigos. A integração não foi difícil. Desde o início fizeram-me sentir muito bem vinda", afirma.

Em Shenyang, Brígida tem pouco tempo livre. Os ensaios duram das 09h00 às 18h00, às vezes sete dias por semana, e, nos dias de espectáculo, o trabalho chega a terminar já depois das 00h00.

Quanto ao futuro, apenas diz que quer dançar até quando lhe for permitido e integrar companhias de outros países, entre os quais Portugal.

"Estou sempre à procura de novos desafios", salientou.

Com a Liaoning, a portuguesa já fez várias tournées pela China e até dançou na abertura dos Jogos Olímpicos. Também já foi aos EUA e passou por Portugal, no âmbito de uma digressão pela Península Ibérica que termina hoje na Corunha, Espanha.

Esta produção de "O Último Imperador" conta com cerca de 50 bailarinos e harmoniza o ballet clássico com as tradições chinesas. A história, que foi imortalizada no filme de Bernardo Bertolucci com o mesmo nome (vencedor de nove Óscares), retrata a saga de Pu Yi, último imperador da China, investido com apenas três anos e deposto pelo governo revolucionário aos 24 anos.

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