Há vida para lá da Terra? Será o nosso planeta único? Se não, quantos planetas semelhantes em tamanho à Terra poderão existir a uma distância adequada da sua estrela para ter água na sua superfície? Perguntas como estas, que habitam as inquietações de qualquer astrónomo, poderão em breve encontrar respostas com a ajuda de uma equipa portuguesa.
Uma dezena investigadores do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) vão colaborar com a NASA nos próximos seis anos na procura e caracterização de planetas extrasolares semelhantes à Terra, um dos maiores desafios da astronomia actual.
A estrela da missão é a mais recente sonda da agência espacial americana - baptizada Kepler em homenagem ao astrónomo alemão que formulou as três leis fundamentais da mecânica celeste - que descolou esta madrugada a bordo de um foguetão lançado do Centro Espacial John F. Kennedy, no Cabo Canaveral, Florida.
Durante os próximos três anos, a sonda - que gera a sua própria energia a partir de painéis solares - deverá observar mais de cem mil estrelas e descobrir potencialmente centenas de planetas semelhantes em tamanho à Terra dentro da zona habitável, isto é, onde possa existir vida. "Isto significa que têm que estar suficientemente afastados da sua estrela para que possa existir água líquida na sua superfície", explicou ao "Expresso" Mário João Monteiro, director do CAUP e um dos coordenadores do projecto a nível europeu.
Apesar de até hoje já terem sido encontrados mais de 300 planetas extrasolares, a maioria dos quais usando telescópios terrestres como o VLT (Very Large Telescope) do Observatório Europeu do Sul, estes são sobretudo grandes planetas semelhantes a Júpiter, muito gasosos e com temperaturas extremamente quentes. Os planetas mais pequenos e rochosos como a Terra são considerados mais favoráveis ao desenvolvimento de vida e, por isso, um objectivo bem mais ambicioso.
À equipa portuguesa caberá analisar nos próximos seis anos alguns dos dados recolhidos, recorrendo a técnicas de sismologia estelar para estudar as variações das estrelas e, desse modo, calcular a sua idade, o seu tamanho e outras características que são fundamentais para caracterizar o planeta que lhe está associado.
O projecto representa um investimento de quase 500 milhões de euros ao longo de três anos e meio.
expresso
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Há 11 anos
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