domingo, 7 de dezembro de 2008

"mulas da internet"

Coimbra: investigadores europeus divulgam "mulas da internet", uma alternativa para zonas remotas

Coimbra, 07 Dez (Lusa) -- Uma nova filosofia de internet, capaz de ligar a rede global a zonas remotas do mundo, vai ser divulgada na próxima semana em Coimbra por investigadores do grupo europeu que desenvolve o projecto.

A iniciativa é do Instituto Pedro Nunes (IPN), ligado à Universidade de Coimbra, que no projecto internacional, participado por 12 instituições europeias, tem a tarefa de integração final dos segmentos de investigação de cada grupo, as experiências em África e a colocação do produto no mercado.

Terça realizam-se em Coimbra sessões de divulgação do denominado "N4C", dirigidas a empresários, essencialmente de telecomunicações, transportes e novas tecnologias, políticos e ONG'S (Organizações Não Governamentais).

"Queremos dizer que daqui a algum tempo haverá uma nova tecnologia, uma nova alternativas, que pode resolver alguns problemas" em regiões remotas, que não tem acesso à banda larga, realçou António Cunha, do IPN.

Na quarta-feira haverá uma sessão de cariz mais académico voltada para os problemas da integração de sistema em que participam universitários, investigadores e representantes de empresas, como a portuguesa Critical Software e a multinacional Intel.

Durante esta semana estão também reunidos no IPN investigadores das 12 instituições que fazem parte deste consórcio -- empresas, universidades, institutos de investigação -- da Suécia, Espanha, Irlanda, Noruega, Polónia, Eslovénia e Reino Unido.

António Cunha, administrador executivo do Laboratório de Automática e Sistemas do IPN, de Coimbra, o representante português no projecto, revelou á agência Lusa que se trata da "primeira reunião de integração", para "perceber como se vai interligar tudo", os vários segmentos da investigação, da responsabilidade de cada equipa.

O "N4C", iniciado em Maio passado e a decorrer até 2011, é um ambicioso projecto Europeu que vai permitir levar a Internet até ao "Fim do Mundo", refere uma nota de imprensa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

Trata-se de uma nova filosofia de Internet que consiste na criação de "mulas" para tornar acessíveis as tecnologias da comunicação em zonas recônditas do mundo, que continuariam arredadas delas. Essas "mulas" irão fazer o vai-vem da informação entre as zonas recônditas e as dotadas de redes de fibra óptica, com acesso de Internet.

Esta engenhosa forma de democratizar o acesso à informação está a ser desenvolvida a pensar no povo Sami, da Lapónia, e na região montanhosa de Kocevje, da Eslovénia, onde serão realizados testes, bem como noutras regiões isoladas da Europa, mas é em África que se vaticina um grande impacto social, revelou à agência Lusa António Cunha.

A "mula" não é mais do que um dispositivo tecnológico que se pode instalar num helicóptero de transporte de turistas, como é o caso da Lapónia, em pessoas que fazem caminhadas na natureza, nos veículos que fazem o transporte de pessoas ou mercadorias entre as cidades e as zonas remotas.

O sistema prevê que essas zonas remotas sem acesso à Internet estejam equipadas de computador, que poderá ser utilizado pelos habitantes para enviar e-mail, ou dados. Com a passagem de uma "mula" pela localidade a informação é recolhida e transportada e, depois, enviada quando ela passar por uma zona servida por Internet

Através de comunicação WIMAX ou WIFI o dispositivo capta a informação do computador na zona remota e ao passar por uma zona servida com Internet descarrega-a na rede e recolhe a informação que por sua vez leva para essa região remota.

Esta tecnologia inovadora, denominada DTN (Delay and Disruption Tolerant Networking) está já a ser utilizada num projecto-piloto na Lapónia, com o povo Sami, considerado um dos maiores grupos nómadas na Europa, cuja actividade principal é a criação de renas.

Em Fevereiro, no norte da Suécia, na comunidade Sami, serão realizados "testes de inverno", destinados a avaliar as capacidades dos equipamentos e a arquitectura do sistema, bem como a sua robustez, num ambiente muito agreste de temperaturas negativas, explicou António Cunha.

FF.

Lusa

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