sexta-feira, 17 de julho de 2009

Rui Nóbrega

Escultor de Coimbra muda banca de trabalho para a rua

por Lusa

A necessidade aguçou o engenho e um escultor de Coimbra, Rui Nóbrega, decidiu mudar a sua banca de trabalho para a rua, na baixa da cidade, para angariar fundos que lhe permitam deslocar-se a uma exposição internacional.

"Estou aqui a ver se arranjo fundos de maneio para ir à Corunha, participar na Exposição Internacional de Artes, que decorre de 20 de Setembro a 20 de Outubro", explicou o artista plástico à agência Lusa, enquanto trabalha a peça "Asa Quebrada", a partir de um tronco de nogueira, com que pretende representar a região naquele evento.

Para juntar os cerca de 400 euros necessários para a viagem, Rui Nogueira decidiu instalar na Rua Visconde da Luz a sua banca de trabalho e é aí que, munido das ferramentas habituais necessárias à sua arte, tem trabalhado na escultura.

"É um trabalho em madeira de nogueira com uma base em pedra de calcário", disse o escultor.

A peça, que iniciou há cerca de três meses, tem esculpidos vários elementos e pormenores alusivos à Natureza, como, entre outros, um pássaro com a "asa quebrada" e folhas de vários formatos.

"O que interessa para eles [Exposição Internacional de Artes] é o grau de dificuldade da peça", explicou Rui Nóbrega.

Divertido e bem disposto, o escultor, de 62 anos, é natural do Funchal mas vive em Coimbra desde a infância.

Relatou à agência Lusa que, esporadicamente, trabalha na rua para se inspirar, embora o objectivo do seu actual labor ao ar livre seja diferente desse.

"Estou a fazer mais ou menos oito a 10 euros por dia. Vim para aqui para ver se os comerciantes me ajudavam", confessou.

Transeuntes, entre os quais se contam muitos turistas, têm manifestado curiosidade pelos seu trabalho, que está a desenvolver junto da chapelaria e camisaria Bragas, um estabelecimento com mais de oito décadas da baixa de Coimbra, e onde tem guardado as ferramentas quando abandona o posto de trabalho ao final do dia.

"Trabalho por gosto. Tem sido um tempo alegre, também não sou triste. Converso com as pessoas", referiu o artista ao descrever esta primeira semana de trabalho na rua.

O escultor projecta manter-se durante mais um mês na Rua Visconde da Luz, onde permanece entre as 08:00 e as 19:00, para angariar os fundos necessários para custear a viagem.

"Visto que a situação não é muito propícia para gastos, peço ajuda aos comerciantes da baixa", apelou Rui Nóbrega.

Participante habitual do evento Góis Arte, Rui Nóbrega tem também mostrado os seus trabalhos em várias exposições nacionais e internacionais.


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