sábado, 16 de janeiro de 2010

Saúde

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Cientistas portugueses conseguem avanço contra o cancro


Uma colaboração entre as universidades do Minho e da Califórnia identificou um gene que quando hiperactivo torna os tumores cerebrais mais malignos, uma descoberta que abre a possibilidade de criação de novos fármacos contra o cancro

A descoberta foi hoje publicada no Journal Cancer Research. Em declarações à Lusa, um dos investigadores, Bruno Costa, explicou que foi estudado um conjunto de genes «muito importantes durante o desenvolvimento embrionário e que se encontram alterados em alguns tipos de tumores».

Até agora, no caso dos tumores cerebrais, a única coisa que se sabia era que alguns desses genes estavam «sobre-expressos», ou seja, estavam activos, ao contrário do que acontece num cérebro normal (sem tumores).

Nesta investigação conseguiu-se mostrar que o gene HOXA9 quando «sobre-expresso» (ou hiperactivo) faz prever que os pacientes vão ter um «prognóstico pior relativamente aos outros pacientes com o mesmo tipo de tumor».

Nesta fase da investigação, está apenas a ser melhorada a capacidade de prever as respostas dos pacientes.

Mas «claro que este é sempre o primeiro passo também para a identificação destes alvos moleculares para o desenvolvimento de novas terapias», acrescentou Bruno Costa.

Neste caso de tumores mais malignos e mais agressivos e que fazem com que os pacientes morram mais cedo, poderão ser desenvolvidos fármacos específicos para inibir essa actividade, disse.

Os investigadores também decifraram o mecanismo responsável por essa sobre-activação do gene, que é por via da proteína PI3K, que é uma via «muito frequentemente alterada em diversos tipos de tumores humanos».

Assim, através das identificações do gene associado ao pior prognóstico e do mecanismo, podem-se conseguir outros alvos terapêuticos contra o PI3K.

Se inibida a sua função, também haverá inibição da sobre-activação do HOXA9 e, consequentemente, os tumores poderão tornar-se menos malignos.

O trabalho resultou de uma colaboração entre uma equipa do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde, da Universidade do Minho, através de Bruno Costa e Rui Reis, e uma equipa da Universidade da Califórnia (EUA).

Lusa / SOL

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