Um português na elite mundial da astronomia
por Alfredo Teixeira
Nuno Santos, professor e investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, ganhou uma bolsa de quase um milhão de euros para encontrar planetas sósias da Terra.
Descobrir um planeta igual à Terra é o grande desafio de Nuno Santos, investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, premiado com uma bolsa do European Research Council - ERC Starting Grant 2009. Um objectivo no qual, actualmente, está concentrada toda a comunidade científica mundial. Tanto a americana NASA como a europeia ESO (Observatório Europeu do Sul) desenvolvem projectos numa competição que faz lembrar os tempos da Guerra Fria pela conquista do espaço americano e soviético.
É nesta pesquisa que entra o investigador português a quem foi agora atribuída uma bolsa de quase um milhão de euros para desenvolver uma investigação de ponta que permita a detecção e estudo de outros planetas semelhantes à Terra a orbitar estrelas parecidas com o Sol.
Neste momento, Nuno Santos encontra-se no Chile, mais propriamente na localidade de La Silla, no deserto de Atacama, onde está instalado o telescópio HARPS do ESO, local onde habitualmente investigadores europeus fazem as suas pesquisas pelo universo e colocam em prática os estudos que cada um vai desenvolvendo nos seus países. Por isso, confessa Nuno Santos, "esta bolsa vai servir para reforçar e consolidar a equipa que existe no Centro de Astrofísica do Porto e desenvolver uma ciência que permitirá descobrir e estudar um planeta parecido com a Terra".
Ao mesmo tempo, abrirá caminho para o projecto Expresso (Echelle Spectrograph for Rocky Exoplanet and Stable Spectroscopic Observations) da Agência Espacial Europeia (ESO) e que tem também por objectivo detectar planetas parecidos com o nosso, capazes de albergar vida.
A bolsa foi atribuída pelo European Research Council (ERC) e Nuno Santos foi um dos 219 contemplados num universos de 2503 candidaturas. "Este dinheiro vai ainda permitir contratar investigadores internacionais para trabalharem no Porto e atribuir bolsas para estudantes portugueses desta área", explica o astrónomo. O trabalho desenvolvido nos últimos anos por Nuno Santos acaba assim por ser reconhecido, sendo de referir que a equipa do investigador, juntamente com astrónomos franceses e suíços, foi responsável, em Abril de 2007, por uma das maiores descobertas científicas dos últimos anos: o Gliese 581, uma estrela--anã vermelha em volta da qual orbita um planeta potencialmente habitável fora do sistema solar.
Desde logo, o Gliese 581 despertou a atenção mundial pela sua semelhança com a Terra. Apelidado pelos astrónomos de "Super-Terra", este planeta extra--solar possui um diâmetro 50% maior do que o da Terra e dista de nós 20,5 anos-luz.
"Era quase garantido lá existirem temperaturas amenas, faltava saber é se tinha água capaz de suportar vida", diz Nuno Santos. Meses depois, a esperança era desfeita. Afinal a "Super-Terra" não estava suficientemente longe da sua estrela para que a existência de gelo ou água fosse possível.
Nos últimos anos, outros três sósias da Terra foram encontrados na órbita desta estrela-anã vermelha. Mas estes planetas tinham características que tornavam impossível qualquer forma de vida semelhante à terrestre.
Para Nuno Santos, a bolsa agora atribuída "é um reconhecimento pelo trabalho e um estímulo para o futuro". O investigador prevê que este incentivo comece a dar resultados já a partir do próximo ano.
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Há 11 anos
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