quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Leucemia

Medicina.

Investigadores do Instituto de Medicina Molecular descobriram que uma proteína que actua como supressora de tumores, a PTEN, fica inactiva devido ao aumento dos níveis de outra proteína, a CK2. Em última análise, o desenvolvimento de um inibidor pode permitir destruir as células malignas.

O tratamento actual tem eficácia em 80% nas crianças

Uma equipa do Instituto de Medicina Molecular (IMM), em Lisboa, identificou um mecanismo até agora desconhecido, através do qual se desenvolvem leucemias nos seres humanos. O trabalho, liderado por João Taborda Barata, centra-se no mau funcionamento da proteína PTEN (que normalmente actua como supressora de tumores) e pode, em última análise, levar ao desenvolvimento de uma nova terapêutica. Antes deste estudo, que será publicado em Novembro na revista Journal of Clinical Investigation, pensava-se que a inactivação da PTEN ocorria apenas em casos de mutações genéticas da proteína. "O que este trabalho veio provar é que, para além dos genes, há outros factores que devemos ter em conta", referiu ao DN o director da Unidade de Biologia do Cancro do IMM.
De acordo com João Barata, no caso da leucemia T (uma leucemia aguda que ocorre geralmente em crianças e jovens adultos) "a maioria dos doentes analisados não apresenta lesões genéticas na PTEN". Esta proteína pode estar inactiva por dois motivos: há um aumento dos níveis de outra proteína, a CK2, e um aumento de radicais de oxigénio, ambos presentes em células normais. "Apesar de estar lá, a PTEN está de mãos atadas e não consegue cumprir a sua função como supressora dos tumores", explicou o investigador. Na prática, esta descoberta pode levar ao desenvolvimento de inibidores da CK2, "que permitem destruir as células leucémicas sem destruir as normais".
A leucemia T é a doença maligna mais frequente em crianças nos EUA, sendo a eficácia de tratamento de 80%, quando ocorre em menores. A quimioterapia aplicada é muito agressiva e o desenvolvimento de um inibidor de CK2 poderia representar uma diminuição dos efeitos secundários a longo prazo. "É uma descoberta promissora, mas é apenas um primeiro passo de uma investigação que leva anos até a aplicação clínica", concluiu João Barata.

Diário de Notícias

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